terça-feira, julho 19, 2011

Pesquisador desenvolve técnica para exame de sangue que custa alguns centavos

Cientistas australianos acabam de desenvolver o primeiro teste de farmácia para determinar tipo sanguíneo. Assim como os testes de gravidez de caixinha, bastará pingar uma gota de sangue em um pedaço de papel e descobrir se você é tipo A, B, O ou AB. A descrição da técnica foi publicada na revista Analytical Chemistry. O melhor do procedimento é que, por 10 centavos de dólar, pessoas de países pobres podem saber rapidamente o seu tipo sanguíneo, o que ajuda a iniciar uma série de procedimentos médicos.
Professor Gil Garnier desenvolve pesquisa com papel biorreativo.
A importância da invenção está atrelada ao quão indispensáveis são as análises de tipo sanguíneo, um dos exames médicos mais básicos – e talvez mais importantes – que uma pessoa deve fazer. Com ele, é possível fazer transfusões de sangue adequadas em casos de acidentes, hemofilia ou até anemia grave. Para se ter uma ideia, em uma transfusão de sangue inadequada, os novos glóbulos vermelhos são destruídas pelo organismo do paciente a uma velocidade de quase 1 ml por minuto, provocando febre, desconforto respiratório súbito, pressão baixa, insuficiência renal e até a morte. Mesmo assim, esse exame ainda requer análises delicadas com microfluídos ou aparelhos ópticos caríssimos. Os pesquisadores esperam que o novo teste de farmácia barateie o exame especialmente em nações em desenvolvimento.
Nesse exame caseiro, anticorpos que reagem aos vários tipos de sangue são distribuídos na superfície de um pequeno pedaço de papel. A gota de sangue colocada no centro do papel entra em contato com cada um dos anticorpos, mas só se concentra no trecho que contém o anticorpo específico, revelando o tipo sanguíneo. Segundo Gil Garnier, engenheiro da Monash University e coordenador do projeto, apesar de custar centavos, o teste demonstrou ser tão preciso quanto os exames de laboratório. No futuro, ele acredita que o papel biorreativo [que reage a determinadas substâncias] poderá ser usado também em exames de turberculose, anemia e diabetes.
É importante notar, porém, que o teste não oferece uma tipologia completa do sangue do paciente. “O teste é apenas parte do processo de preparação para uma transfusão de sangue", explicou Robert Richard, professor da Divisão de Hematologia da Universidade de Washington, à Technolgy Review. “Ele não dá informações sobre a incompatibilidade entre Rh positivo e negativo”.
 Exame agilizaria a reposição volêmica em casos graves.
Mesmo sem fornecer informações quanto ao sistema Rh, esse exame seria útil no atendimento a acidentados. A equipe de resgate, por exemplo, poderia antecipar o tipo sanguíneo de um paciente em choque, que perdeu mais de 40% da volemia (nesta grave situação, a tipagem com prova cruzada é liberada em caráter emergencial), com múltiplas fraturas, e chegando ao hospital o sangue já estaria disponível para uma transfusão de urgência. Nesses casos, onde rapidez é tudo e administrar só cristalóides não resolvem, as complicações seriam reduzidas em comparação a uma transfusão "às cegas".
Adaptado da revista Galileu.

2 comentários:

  1. Nossa, que avanço, heim!? já pensou? Muito bom! Parabéns pela postagem!

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  2. Se o paciente for muito grave, não sobra muito tempo para fazer toda a tipagem. Tem q se dar um jeito na hora ou o cara morre! Achei legal por isso. Fora o preço né? Mt barato em relação ao q faz.

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